Festividades
No arquipélago dos Açores existem manifestações de fé e devoção religiosas intimamente relacionadas com a ocorrência de fenómenos naturais catastróficos, em especial os fenómenos vulcânicos e sÃsmicos que assolam com alguma frequência estas ilhas. Estas manifestações incluem romarias e procissões, a devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres e as Festas do Divino EspÃrito Santo, estas últimas em todas as ilhas do arquipélago, associadas ao Dia da Região e recentemente objecto de análise visando a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.
Festa do EspÃrito Santo
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As Festas do Divino EspÃrito Santo nos Açores remontam aos primórdios do povoamento no arquipélago e constituem um dos principais testemunhos de fé do Povo Açoriano. Uma vez que o arquipélago sempre foi assolado por sismos e erupções vulcânicas, estas festividades foram adquirindo caracterÃsticas únicas, em que o profano muitas vezes se mistura com o sagrado numa genuÃna demonstração da cultura popular.
São festas comuns a todas as ilhas, embora divergindo em alguns pormenores de ilha para ilha e até dentro da própria ilha. Todas as freguesias têm uma capela, chamada "Império", com a respectiva irmandade. São consideradas as festas religiosas mais caracterÃsticas de toda a etnologia insular. A celebração decorre de Maio a Setembro, com especial ênfase no 7.º Domingo depois da Páscoa. |
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Império dos Nobres (Faial)
O Império dos Nobres celebra-se em memória da erupção de 1672, do Vulcão da Praia do Norte, também conhecido como Vulcão do Cabeço do Fogo. Foi efectuado um voto perpétuo de celebrar, no dia de Pentecostes, uma cerimónia solene em honra do Divino EspÃrito Santo, se a erupção parasse, o que inevitavelmente aconteceu.
Procissão dos Abalos (Terceira)
Na noite de 1 para 2 de Junho de 1867 iniciou-se intensa actividade sÃsmica e só terminou cerca de um mês depois, tendo provocado grandes danos na freguesia do Raminho. Logo a seguir, iniciou-se uma erupção submarina, no mesmo local onde ocorreu recentemente a erupção de 1998/1999. A erupção terminou cerca de um mês depois.
Desde então realiza-se, todos os anos no dia 31 de Maio, a "Procissão dos Abalos". A referida procissão realiza-se em silêncio, transportando-se apenas as coroas e bandeiras do Divino EspÃrito Santo até ao alto da Ponta do Raminho, local sobranceiro ao ponto do mar onde se deu a erupção, onde há missa campal e sermão.
Senhor Santo Cristo dos Milagres (São Miguel)
O Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres começa no Convento da Caloura, no concelho de Lagoa. Aquando da emissão da Bula Apostólica do referido convento de freiras, o Papa ofereceu às religiosas a imagem do "Ecce Homo". Pelo facto do local da Caloura ser vulnerável aos ataques de piratas, as freiras e a imagem, seguiram para o Convento da Esperança, em Ponta Delgada, onde ainda hoje se encontra.
No ano de 1700 a ilha de São Miguel foi abalada por fortes tremores de terra. No dia 11 de Abril, verificando que os sismos não findavam, a população resolveu levar em procissão, a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres. A devoção que esta procissão despertou foi tal que nunca mais deixou de se realizar. Com uma adesão de devotos transversal a tantas gerações de açorianos, esta tricentenária procissão é a mais antiga devoção que se realiza em terras portuguesas e é considerada uma das maiores procissões religiosas do Mundo.
A festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres realiza-se, no 5.º Domingo depois da Páscoa.
Fonte: http://www.santo-cristo.com/
Os romeiros
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A Romaria micaelense iniciou-se como consequência dos violentos sismos e erupções vulcânicas em 1522 e 1563, que arrasaram Vila Franca do Campo e prejudicaram gravemente a Ribeira Grande, respectivamente. Nesses momentos de aflição, as pessoas juntaram-se e andaram pelas ruas cantando e rezando, todos os dias, visitando todas as igrejas e ermidas dedicadas a Nossa Senhora, rogando a protecção da Virgem e intervenção Divina. Actualmente, a Romaria é constituÃda apenas por homens que percorrem toda a ilha a pé ao longo de oito dias, na época da quaresma, por ser um tempo próprio para a penitência e oração. Esta tradição encontra-se, ainda, bem viva nos corações e vidas dos habitantes de S. Miguel.
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